Pelo senso comum (aquilo que é transmitido entre as pessoas sem muito aprofundamento) sabemos que os anjos estão em toda parte, que são divididos em hierarquias, que existem tanto anjos bons quanto maus, que são parte integrante da cabala judaica, e que segundo a tradição cristã, cada ser humano possui um Anjo da Guarda. Para aqueles que estudam e crêem na atuação dos Anjos, é de se concordar que esses seres têm por objetivo nos auxiliar não somente nos momentos difíceis de nossa existência, mas também nas tarefas mais simples e corriqueiras do nosso dia-a-dia.
Mas como relacionar Anjos e tarô? Como a sua ajuda pode ser de grande eficácia durante uma tiragem? Para responder essas perguntas, antes gostaria de em poucas palavras aprofundar um pouco nosso conhecimento a cerca dos Anjos. Para tal objetivo pretendo me basear no grande teólogo e filosofo São Tomás de Aquino que em seu imenso tratado de teologia denominada Suma teológica, reservou alguns capítulos para discorrer a cerca dos Anjos e da sua relação com o Criador, com o mundo espiritual e com nós homens.
Referindo-se a diversas passagens bíblicas, Tomás de Aquino propõem uma participação muito ativa dos Anjos no governo dos homens por Deus. Para ele o alicerce dessa argumentação e a aceitação da premissa na qual “no plano da providência, os seres inferiores estão sujeitos a ação dos superiores” (Q. CIX. a.1)
Aceitando-se esse fundamento e sabendo-se que os Anjos, diferente de nós homens possuem uma natureza simples (apenas espírito) e que quanto mais simples a natureza melhor a sua percepção do todo, é de se concordar que os Anjos podem imediatamente sem recorrer a imagens ou a qualquer forma de intervenção material, iluminar a nossa consciência com sugestões, inspirações, a fim de esclarecerem dúvidas e orientar nossa vida cotidiana.
Nossa vida é como se fosse uma grande escada iluminatória em que cada degrau que subimos, nos mostra de forma mais ampla a visão do horizonte e tendo a graça dessa visão mais ampla, porque não ajudar na iluminação daqueles que vem seguindo atrás, sendo assim, os homens sendo inferiores aos Anjos, são então por estes iluminados, da mesma forma que os Anjos inferiores são iluminados pelos superiores.
Para Tomás de Aquino, os Anjos têm o poder de influenciar diretamente as faculdades cognitivas e sensitivas do homem, e isso ocorre considerando-se em primeiro lugar a ação sobre os sentidos e em segundo lugar a ação sobre as faculdades intelectuais dos mesmos. Os Anjos podem influenciar nossos sentidos internos (imaginação e memória sensitiva) e os nossos sentidos externos (visão, audição, paladar, tato e olfato). É de conhecimento da ciência que nossas faculdades sensitivas estão diretamente ligadas com nosso intelecto, e os Anjos conhecedores que são de toda a criação e porque não de nosso sistema nervoso podem agir em nossos sentidos e produzir em nossa mente de forma artificial, imagens semelhantes às produzidas naturalmente.
Como é conhecido na Bíblia os Anjos podem nos trazer boas mensagens, saúde, alegria, paz, mas também no caso dos Anjos maus, doenças, tragédias, discórdias e até mesmo a morte. O Anjo pode criar para si um corpo e animá-lo, vemos um exemplo disso no livro de Tobias, mas quero ressaltar aqui que toda intervenção dos Anjos bons ou maus, seja no mundo físico ou no espiritual só é possível se Deus, o grande senhor dos Anjos e de toda criação assim permitir.
Segundo Archibald Joseph Macintyre em seu livro: Os Anjos uma realidade admirável, afirma que “os Anjos iluminam o intelecto do homem. Para isso o Anjo nos sugere o que deseja que conheçamos, por intermédio daquelas imagens sensíveis que ele tem o poder de formar, atuando sobre nossos sentidos externos ou sobre nossa imaginação, pondo em ação as energias latentes do nosso sistema nervoso, que são adaptadas às operações mentais e coadjuvam a realização das mesmas”.
Para nos comunicarmos com o próximo nos baseamos basicamente em um código de sinais, denominamos de linguagem falada e linguagem escrita. Mas no caso da comunicação entre os Anjos e o homem a única coisa que se faz necessária e a disposição de nossa parte para que essa comunicação aconteça. Conseguimos tal disposição através de uma vida tranqüila, da meditação, da oração, da boa vontade em ajudar o próximo, na dedicação do nosso trabalho aqui no caso sendo bons tarólogos, astrólogos, numerólogos, enfim aquilo que escolhemos fazer com amor. Mas não se preocupem porque tanto os anjos bons quanto os maus não ficam o tempo todo tentando manipular a mente humana, muitas das idéias que temos acontecem em nossa mente de forma natural sem há necessidade de se recorrer a uma intervenção angélica para algum tipo de explicação.
Estando todos os canais possíveis do nosso ser voltados para tal comunicação, como esta pode ocorrer? Digo que de uma maneira muito mais simples do que imaginamos, eles nos respondem através de uma intuição bem clara, através de uma bela musica que toca na radio, de uma frase lida em um livro, enfim são varias as formas que os Anjos podem se manifestar.
Mas e o tarô? Onde entra nessa história? Agora sim, tendo um maior conhecimento da atuação dos Anjos em nossas faculdades cognitivas e de tudo que podem fazer a nosso favor, faz-se proveitoso que em uma tiragem de tarô, minutos antes do consulente se fazer presente, que fiquemos um pouco em silêncio, em meditação, que invoquemos o Anjo da guarda tanto do consulente como o nosso para que eles retirem qualquer tipo de vibração ruim não somente do ambiente, mas da mente de ambos (consulente e tarólogo), que consigamos através da intuição dada pelos Anjos enxergarmos de uma forma diferente as laminas do tarô, para que ali no momento da consulta possamos falar para o consulente exatamente aquilo que ele ou ela precisam para traçarem um norte em suas vidas. Que a presença do Anjo em uma tiragem de tarô ajude o consulente a refletir sobre sua vida até então, que ele tenha a força dada pelos Anjos para mudar a sua vida, para ser em cada momento um personagem dos arcanos maiores e sendo assim virar com a ajuda dos Anjos, senhor de sua própria história.
Texto de minha autoria, extraído do site www.clubedotaro.com.br
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AQUINO, Tomás. Suma Teológica: tradução de Alexandre Corrêa, Organização de Rovilio Costa e Luis Alberto de Boni, Livraria Sulina Editora, Caxias do Sul, 1980.
MACINTYRE, Archibald Joseph. Os Anjos, uma realidade admirável, Edições Louva-a-Deus, Rio de Janeiro, 1993.
MONTEIRO, Fabio Leite. Os Anjos e a nossa felicidade, editora virtual books, Pará de Minas, Minas Gerais, 2011.